O percurso

Do inicio

31/01/2011

PROJETO MEMÓRIA NATIVA TERÊNA


Relato-reflexão:



Muitas indagações me cercam, diante o projeto, nessa ânsia da propria indignação, me veio em mente alguns esclarecimentos da professora Marilena Chauí  diante a questão do “natural” e do “ cultural”, uma vez que o projeto trata da questão cultural Terena ,uma sociedade com maior relação com o “natural” , em relação a sociedade capitalista que abriga o próprio projeto. Inquietações quanto a nossa interferência , de cultura branca , dentro de uma sociedade já desapropriada  culturalmente,me fizeram buscar esclarecimentos básicos acerca da natureza e da cultura humana. Assim, relato trechos desse esclarecimento, extraído do livro “Convite a filosofia”-

Dizer que alguma coisa é natural ou por natureza significa dizer que essa coisa existe necessária e universalmente como efeito de uma causa necessária e universal. Essa causa é a Natureza. Significa dizer, portanto, que tal coisa não depende da ação e intenção dos seres humanos. Assim como é da natureza dos corpos serem governados pela lei natural da gravitação universal, como é da natureza da água ser composta por H2O, ou como é da natureza da abelha produzir mel e da roseira produzir rosas, também seria por natureza que os homens sentem, pensam e agem. A Natureza teria feito a natureza humana como gênero universal e a teria diversificado por espécies naturais (brancos, negros, índios, pobres, ricos, judeus, árabes, homens, mulheres, alemães, japoneses, chineses, etc.).
Se pudéssemos purificar e analisar essa natureza humana,veríamos como os seres humanos variam em conseqüência das condições sociais, econômicas, políticas, históricas em que vivem. Veríamos que somos seres cuja ação determina o modo de ser, agir e pensar e que a idéia de um gênero humano natural e de espécies humanas naturais não possui fundamento na realidade. Veríamos – graças às ciências humanas e à Filosofia – que a idéia de natureza humana como algo universal, intemporal e existente em si e por si mesma não se sustenta cientificamente, filosoficamente e empiricamente. Por quê? Porque os seres humanos são culturais ou históricos.
Cultura é identificada com a posse de certos conhecimentos (línguas, arte, literatura, ser alfabetizado). Nelas, fala-se em ter e não ter cultura, ser ou não ser culto. A posse de cultura é vista como algo positivo, enquanto “ser inculto” é considerado algo negativo. Pode entrever  também que “ter cultura” habilita alguém a ocupar algum posto ou cargo, pois “não ter cultura” significa não estar preparado para uma certa posição ou função, ou ainda, a palavra cultura sugere também prestígio e respeito, como se “ter cultura” ou “ser culto” fosse o mesmo que “ser importante”, “ser superior.
Tendo a cultura vários sentidos, alguns contraditórios com os outros, fala-se também da cultura indígena, e esta aparece em manifestações de guerra e de religião (que, portanto, nada tem a ver com a posse de conhecimentos, atividade artística, massa ou elite).Assim, a cultura indígena aparece com “algo” dos índios”, pois se refere à relação dos índios com o sagrado( a religião) e com o conflito (a guerra e a morte).”


Assim, tratamos a cultura indígena como modo de vida, seus costumes, que se desenvolve entre o sagrado e o conflito.

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Do projeto

             O projeto Memória Cultura Terena abre uma pequena fenda na névoa da cultura branca capitalista para os próprios jovens indígenas, que identifica traços de sua cultura na própria família e no grupo que convive. Impossivel a volta no tempo, onde a cultura indígena estaria intacta (doce utopia!) ,assim,  o caminho traçado tende a promover conhecimento das novas mídias para a divulgação da cultura terena, valorizando e preservando  sua própria histórica.

                Talvez a percepção do nosso interesse (branco) naquela sociedade, deu inicio a um processo de auto estima e valorização da cultura local. A necessidade de estar incluso também na sociedade capitalista, foi mediado e pautado pela pesquisa do uso da tecnologia como ferramenta do seu desenvolvimento enquanto cultura.


                A dificuldade de comunicação com os jovens timidos e ou resistentes , propõs um ritmo menos acelerado que imaginaria para um projeto dessa qualidade. Esse ritmo que foi instaurado pelo próprio grupo de agentes , se transformou em um ambiente ideal para o desenvolvimento de uma confiança mútua, onde os  jovens refletiram sua cultura  com imagens de fotografia, áudio e vídeo, traçando um perfil do pensamento cultural da aldeia, numa geléia geral de influências sociais e culturais.
         Acreditando que a visão e a percepção individual pode ser registrada pela manipulação da maquina fotográfica, transfiro meu olhar através das imagens:






  Acreditando que a visão e a percepção individual pode ser registrada pela manipulação da maquina fotográfica, transfiro meu olhar através das imagens:




                                                                        Olhar do olhar – observação e registro


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Valorização da pintura corporal –comparada ao ano passado.



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Brilho nos olhos

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Um caminho.
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DA PRÁTICA

                Mesmo já tendo percorrido alguns anos atuando na educação formal e informal, o projeto presente não esteva a nenhum momento nada próximo do que já fora experimentado.Talvez a questão indígena, por sangue ou simpatia, traz um cuidado maior no sentido de não criar nenhum tipo de relação autoritária, tão comum na relação de ensino-aprendizagem.
                As propostas dos encontros era pautada anteriormente, mas sempre ritmada e direcionada pelos agentes, que traziam a cada encontro um valor maior da sua cultura enquanto nos contavam timidamente através de fotografias, vídeos, áudio e pequenas , mas valiosas, conversas.



                                                  Primeiro encontro com os agentes. Presença do cacique Jasone.


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 DA NATUREZA:

                Ápos uma aula técnica da manipulação do equipamento de fotografia , a proposta de manipular a maquina fotográfica e registrar a natureza local, possibilitou transformar o que não era falado, em registros de imagens, algumas que representam para eles a própria história da aldeia.


                                                                                                                                       * Foto:  Josiane

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Diálogos

-Aquela foi a primeira árvore plantada aqui na aldeia.-diz a professora apontando para a imensa arvore ao lado da casa do vice cacique .
-Não havia nada aqui...plantamos tudo, dizia a professora Zélia com um orgulho nos olhos.
-Não havia luz, água...era difícil...


Entendi ali, naquela conversa que o processo ensino aprendizagem realmente seria inverso.Colocando a prática educativa na valorização do próprio conhecimento dos agentes e nas possibildades de geri lo através de suas própras ações.
Assim, neutralizando a educação autoritária, o que talvez me faça falta na hora de conceitualizar a própria pratica.Até então, questiono se os envolvidos no projeto já detinham aquele conhecimento ou construíram no processo do projeto. Porém, percebo uma valorização crescente a cada tarefa cumprida, a cada imagem e visualização realizada.Na construção.No ser.No Terena.
Infelizmente talvez, a nossa velocidade de informação esteja tão acelerada que perdemos a sensibildade do olhar do belo e do simples.O registro do natural direciona o olhar para o belo, naturalmente estético, puro.



Foto: Thiago







                                                                                                                                      Foto: Josimara



                                                                                                Foto:Joice




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Da Aldeia:


Propomos então , focarmos as ações, na valorização da aldeia , objeto muito mais presente do que a questão étnica.
A busca de imagens que representassem a aldeia surpreendeu pela manipulação técnica e pelo olhar estético de alguns dos participantes do processo.



Foto: Thiago




Foto > Gislaine

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Do vídeo:

                Após a manipulação do equipamento fotográfico, era hora de realizarmos experiências com o áudio visual.Assim, o grupo se reorganizou em pequenos grupos para registrarem  suas próprias visões sobre a aldeia e seu  cotidiano através de entrevistas e falas.
                A experiência inicial aproximou os agentes  do equipamento e do processo que seguiria depois.


                                                                                        (vide vídeo)



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Das Entrevistas:

                Dado a experiência inicial, os grupos organizaram  entrevistas com pessoas da aldeia que pudessem falar sobre assuntos relevantes da cultura Terena. A agricultura, o artesanato, a cerâmica,a apicultura, o idioma, a história,foram colocados pelas pessoas indicadas pelo próprio grupo de agentes, tecendo assim uma rede comum da aldeia Ekeruá.



                                                                           (vide lista dos entrevistados)           







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Da edição:

                Com o material captado, a edição era necessária, e juntos (coordenação, oficineiros e a agentes) traçamos um roteiro do que seria  o  nosso  resultado material .


Roteiro base:


01) NASCER DO SOL
02) ORIGEM DA ALDEIA (JULIO ENTREV.)
03) CASA DE CERÂMICA/MORADIA/ESCOLA/CAMPO
04) ENTREV. JASONE (LIDERANÇAS/DADOS DA ALDEIA)
05) PREPARAÇÃO (COLETA & PINTURA) DA FESTA
06) FESTA (DANÇAS E VISITAÇÃO)
07) ENTREV. MARIO E CLAUDETE (DANÇAS)
08) ARTESANATO
09) ENTREV. EISANGELA E CHICO (ARTESANATO)
10) CERÂMICA(INGRACIA)
11) ENTREV. (INGRACIA)
12) FUTEBOL E ENTREV. AGENTES
13) BRINC. E ENTREVISTA ALUNOS
14) ENTREV. AGRICULTURA (FAUSTINO/GILBERTO)
15) CONSTRUÇÃO DA TRILHA (CÂNDIDO MOTTA)
16) FESTA JUNINA
17) ENTREV. CENIRA (+ IMAGENS DA CASA CONSTRUÍDA)
18) PASSEIO SESC
19) LENDA DA ALDEIA (ENTREV. DAVID + IMAGENS COBRA)
20) EXPERIÊNCIA NO PROJETO (AGENTES)

+ ERROS/FOTOS DA EQUIPE INDÍGENA (junto aos créditos)


               


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                                                                                                                 Kátia Luciana Capossi













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